Samuel Poema da malta das naus

Исполнитель: Samuel Длительность: 02:00 Формат: mp3
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Текст песни "Samuel — Poema da malta das naus"

António Gedeão
POEMA DA MALTA DAS NAUS

Lancei ao mar um madeiro,
'spetei-lhe um pau e um lençol.
Com palpite marinheiro
medi a altura do sol.
Deu-me o vento de feição,
levou-me ao cabo do mundo.
Pelote de vagabundo,
rebotalho de gibão.
Dormi no dorso das vagas,
pasmei na orla das praias,
arreneguei, roguei pragas,
mordi peloiros e zagaias.
Chamusquei o pêlo hirsuto,
tive o corpo em chagas vivas,
estalaram-me as gengivas,
apodreci de escorbuto.
Com a mão esquerda benzi-me,
com a direita esganei.
Mil vezes no chão, bati-me,
outras mil me levantei.
Meu riso de dentes podres
ecoou nas sete partidas.
Fundei cidades e vidas,
rompi as arcas e os odres.
Tremi no escuro da selva,
alambique de suores.
'stendi na areia e na relva
mulher's de todas as cores.
Moldei as chaves do mundo
a que outros chamaram seu,
mas quem mergulhou no fundo
Do sonho, esse, fui eu.
O meu sabor é dif'rente.
Provo-me e saibo-me a sal.
Não se nasce impunemente
nas praias de Portugal.

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